Centro de Ciências Letras e Artes

O PIONEIRISMO DO CENTRO DE CIÊNCIAS NA QUESTÃO AMBIENTAL

O Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA) de Campinas é conhecido e reconhecido como uma das mais importantes instituições culturais da cidade e uma das mais antigas do Brasil em atividade. Foi fundado em 31 de outubro  de 1901, por um grupo de intelectuais, artistas e jornalistas, no momento em que o republicanismo ainda tentava se consolidar no país, com a influência do positivismo científico. A união de ciências, letras e artes em geral demonstrava a visão pluralista e universal dos fundadores, como do idealizador César Bierrenbach.

Centro de Ciências Letras e Artes – Foto Martinho Caires

Mas a importância do Centro de Ciências, Letras e Artes não se limita à esfera cultural tradicional. A primeira edição de sua revista, lançada em 1902, teve como assunto principal a “Devastação das Matas”, demonstrando o seu pioneirismo, portanto, na discussão da questão ambiental.

O fato é que a derrubada das matas, para dar lugar aos cafezais, já preocupava os pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas entre o final do século 19 e início do século 20. Naquele momento, cerca de 10 mil quilômetros quadrados – território equivalente a 5% do território de São Paulo e a 10% do território de Cuba – de florestas nativas em território paulista foram substituídos por cafezais.

O citado número inaugural da “Revista do Centro de Ciências, Letras e Artes” contou com artigo a respeito de João Pedro Cardoso, um nome vinculado ao Instituto Agronômico e inspetor do 2º Distrito Agronômico de Campinas. Ele integrou a primeira Comissão de Agricultura e Zootecnia do CCLA.

Também em 1902, o próprio João Pedro Cardoso foi o idealizador da celebração, na cidade de Araras, na região de Campinas, do primeiro Dia da Árvore no Brasil. Cardoso teve como inspiração o “Arbor-Day”, que era realizado nos Estados Unidos desde 1872. Depois, o Dia da Árvore passaria a ser comemorado no Brasil todo dia 21 de setembro, no comecinho da Primavera.

Patrimônio histórico

De fato, o Centro de Ciências, Letras e Artes é um patrimônio histórico de Campinas e do Brasil, merecendo maior atenção dos poderes públicos e da sociedade em geral. Sua contribuição para a cultura local e nacional é notável. O CCLA abriga, por exemplo, o Museu Carlos Gomes, dedicado ao grande artista campineiro Antônio Carlos Gomes (1836-1896), e o Museu Campos Salles, voltado para a memória de outro campineiro, Manuel Ferraz de Campos Salles (1841-1913), presidente da República na virada dos séculos 19 e 20.

Museu Carlos Gomes – Foto Martinho Caires

A biblioteca do Centro de Ciências, Letras e Artes, com mais de 150 mil volumes, é uma das mais importantes do país pela relevância do seu acervo. Na década de 1950 o CCLA fundou o primeiro cineclube de Campinas. Em 1961, quando a instituição celebrou 60 anos, foi realizada uma série de palestras, sob o título “Panorama da Cultura no Brasil”, com a participação de nomes como Antônio Cândido, Júlio de Mesquita Filho, Florestan Fernandes, Dami Souza Santos, Mario Schenberg e o professor Pietro Maria Bardi.  

Biblioteca com mais de de 150 mil volumes – Foto Martinho Caires

Muitos feitos podem ser creditados ao Centro de Ciências, Letras e Artes, como o de ter sido o local onde foram revistados os originais de “Os Sertões”, publicado ainda em 1902 por Euclides da Cunha, e o de ter sediado a primeira exposição futurista no país, de Lasar Segall, em 1913. Um símbolo do empreendedorismo de Campinas em vários campos

Museu Campos Sales – Foto Martinho Caires
Foto Martinho Caires

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