Unicamp, uma das principais universidades da América Latina (Foto Martinho Caires)

Unicamp intensifica campanhas por doações para pesquisa e combate à Covid-19

Ampliação dos leitos de UTI para os casos mais graves, que se multiplicaram nos meses de junho e julho; aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs) e outros insumos necessários para a proteção dos profissionais de saúde; recursos para a continuação de uma série de pesquisas e realização de diagnósticos. Estes foram alguns dos benefícios obtidos por uma série de doações e ações voluntárias destinadas ao esforço da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no combate à Covid-19. Agora a Universidade, que se reorganizou completamente para trabalhar no enfrentamento da pandemia, vai intensificar as campanhas para atender demandas específicas, como compras de equipamentos e outros materiais essenciais. “A comunidade em geral, incluindo empresas, Ministério Público, grupos de voluntários e outros, ajudou bastante, mas é preciso muito mais, pois as ações continuam e são urgentes”, resume Marilda Solon Teixeira Bottesi, coordenadora do grupo de trabalho criado pelo reitor Marcelo Knobel para centralizar as doações, dar visibilidade e transparência na destinação dos recursos.

A criação do grupo de trabalho foi uma das muitas iniciativas desencadeadas pela reitoria, logo no início da pandemia, para preparar adequadamente a Universidade para o grande desafio de enfrentar a crise sanitária, dentro de suas atribuições, de promover o ensino, a pesquisa e a extensão. A mobilização de faculdades, institutos e núcleos foi rápida e impressionante, no espírito de criação de uma força-tarefa de combate à Covid-19.

Um dos eixos de atuação da força-tarefa da Unicamp contra o novo coronavírus foi a montagem de um laboratório de referência capacitado para realizar diagnósticos em larga escala. Foi então desencadeada uma ação para ampliar a capacidade do Laboratório de Patologia Clínica (LPC) do Hospital de Clínicas da Universidade. Os testes foram realizados inicialmente nos profissionais de saúde da instituição e em pacientes internados no HC. Depois foram estendidos à comunidade em geral.

Pesquisa no LEVE-IB, uma das unidades da Unicamp mobilizadas contra a pandemia (Foto Liana Coll – SEC/Ascom Unicamp)

Vários equipamentos necessários para os exames estavam disponíveis em diferentes laboratórios da Universidade e foi necessário agrupá-los e ajustá-los no novo espaço. Também era necessária a capacitação dos profissionais e nesse trabalho atuou por exemplo o Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (LEVE), vinculado ao Instituto de Biologia.

O LEVE é o único laboratório de nível 3 – em uma escala que vai até 4 – de biossegurança na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Os laboratórios com essa configuração são credenciados a trabalhar com agentes patogênicos que podem ser letais e, portanto, os seus profissionais devem ser altamente treinados e ter experiência no manejo dos agentes. O Brasil ainda não conta com laboratório nível 4, o que tem sido uma das grandes lacunas nas estratégias gerais de combate à Covid-19. O LEVE é um dos vários ambientes de muitas pesquisas na Unicamp relacionadas ao novo coronavírus, entre outras na avaliação de medicamentos que podem ser utilizados no melhor tratamento dos pacientes.

Tudo isso – diagnósticos, equipamentos de alta precisão, leitos de UTI, pesquisas em geral – custa dinheiro e a Unicamp já vinha lutando há alguns anos para equilibrar o orçamento, com o propósito de manter o alto nível de excelência alcançado pela Universidade. No contexto da emergência da pandemia, a reitoria deflagrou então um conjunto de medidas para estimular doações e outras ações voluntárias, tudo no esforço de verdadeira guerra contra o SARS-CoV-2.

Voluntariado é, de fato, uma palavra-chave na mobilização e a própria Marilda Bottesi é um exemplo. Professora aposentada da Unicamp e Cotuca, e depois de trabalhar vários anos na Diretoria Científica da Fapesp, ela e vários outros profissionais trabalham voluntariamente no apoio às ações da reitoria relacionadas à pandemia. “São pessoas de várias áreas, que estão agora fazendo diversas funções nesse esforço coletivo”, ela sintetiza.

Uma das medidas tomadas pelo grupo de trabalho foi a estruturação de um site na Internet, o ajude.unicamp.br, com todas as informações sobre doações e sua destinação. “Era fundamental assegurar a credibilidade e a transparência e essa tarefa vem sendo alcançada com o site”, comenta Marilda. Ela nota que o próprio site foi elaborado e colocado no ar pela ação voluntária, entre outros da Agência Sabiá e seus profissionais. O site também exibe vários depoimentos de pessoas conhecidas na mídia, sobre a importância das doações para a Universidade. São artistas como Gilberto Gil, Bárbara Paz e família Chitãozinho & Xororó, personalidades do esporte como Magic Paula e Maurício Lima e acadêmicos como Leandro Karnal e o próprio reitor Marcelo Knobel.

Agora o grupo de trabalho está idealizando os próximos passos para estimular as doações e uma das linhas de ação serão campanhas com propósitos específicos, para aquisição de equipamentos e outros recursos necessários à continuidade do esforço da Unicamp contra a Covid-19. Outra ação será o fomento a redes de doação, estimulando pessoas a convidarem outras com esse objetivo.

“Tudo o que foi feito até agora valeu muito a pena. Mas o trabalho das diferentes equipes, em pesquisa e atendimento à saúde, continua e é imenso. A Unicamp necessita de mais doações”, resume Marilda Bottesi, hoje dedicada integralmente a um conjunto de gestos que estão contribuindo para a valorização e a proteção de milhares de vidas.

Saiba mais sobre o que vem sendo feito na Unicamp contra a Covid-19 e como contribuir, pelo site https://ajude.unicamp.br/

Ampliação de leitos da UTI nas unidades mantidas pela Unicamp, antes e depois de doações de várias fontes e remanejamentos (Fonte ajude.unicamp.br)

O QUE AS DOAÇÕES JÁ PERMITIRAM PARA A UNICAMP NO COMBATE À COVID-19

Desde o início da pandemia, o número de leitos de UTI – fundamentais para o atendimento dos casos mais graves – nas unidades hospitalares mantidas pela Unicamp aumentou de 158 para 251. A ampliação foi possível em função da reorganização dos recursos dos hospitais, dos acordos com o governo estadual e das doações feitas por empresas. Este é um dos exemplos do impacto das contribuições para a Unicamp, na guerra contra a Covid-19.

Ministério Público, empresas, diferentes organizações e particulares têm feito doações de diferentes valores, todos de grande magnitude para o trabalho da Unicamp relacionado à pandemia. Duas lives realizadas no espaço cultural Alma Coliving, pelas bandas campineiras de rok e folk Charcot Marie e Folkson, resultaram na arrecadação de R$ 12 mil, que foram destinados ao Hospital de Clínicas. Por sua vez, os alunos da 30ª Turma de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, após forte campanha nas redes sociais, encaminharam R$ 31 mil para a aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para os profissionais de saúde do HC.

Ainda no final de março, o Ministério Público do Trabalho (MPT) destinou cerca de R$ 1,4 milhão para a compra de EPIs e outros insumos necessários ao trabalho dos profissionais de saúde da Unicamp. Os recursos são derivados de saldos remanescentes de ações trabalhistas que tramitam na 5ª Vara do Trabalho de Campinas e na 4ª Vara do Trabalho de Jundiaí.

Uma das muitas ações voluntárias em benefício do trabalho da Unicamp no contexto da pandemia foi a doação de cerca de 300 aventais de TNT para os profissionais do HC, resultantes do trabalho do projeto “Costura que salva”, coordenado pela Fiorini Soluções em Sistema de Gestão, em parceria com a médica Ana Carolina de Paula.

No final de julho, 500 máscaras e 200 aventais foram encaminhados ao HC da Unicamp, como fruto de campanha do Instituto Canarinhos da Terra, em parceria com funcionários voluntários da Replan, de Paulínia. O Hospital Municipal Mário Gatti, de Campinas, também foi beneficiado pela campanha do Canarinhos da Terra e funcionários da Replan.

Um elenco de gestos, que fazem muita diferença no enfrentamento da gravíssima crise sanitária que já levou a mais de 100 mil mortes apenas no Brasil e ainda sem perspectivas de conclusão. A ajuda para a Unicamp continua sendo uma demanda ética essencial, sobretudo no cenário da Região Metropolitana de Campinas (RMC). (Por José Pedro S.Martins)

DOAÇÕES ATÉ O MOMENTO E SUA DESTINAÇÃO

Fonte: ajude.unicamp.br

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